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Devaneios....

Faz um tempo que eu não posto nada. Geralmente meus posts aqui são confusos e viscerais. Eu só tenho vontade de escrever quando tô caótica. O mês de agosto voou, e eu não consigo me lembrar o que aconteceu exatamente.  Sinto que regredi.  Havia deixado de encarar minha própria solidão com pesar e passei a vê-la de forma paciente e construtiva, mas agora voltei a me sentir ansiosa e amedrontada. Do que tem medo a juventude de hoje? Do passado? Do futuro? Ou de si mesma?  Desde muito nova, eu sinto que as coisas me pegam com muita facilidade. Eu me impressiono fácil, embora faça cara de paisagem. Uma conversa, um acontecimento, uma sugestão... tudo me atravessa - e nem sempre de maneira positiva.  Há essa altura já entendi que eu não sou a minha mente, e que não posso ser controlada por ela. E que também, talvez seja muito transformador abandonar velhos hábitos "escapistas" e adquirir hábitos "caretas", tranquilos e saudáveis. A mente agradece. Porque Michel Foucault
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Sobre dias difíceis

Rio de Janeiro, 18 de junho de 2020. Preciso escrever pra tentar aliviar.  Ontem vi uma entrevista rara com a Clarice Lispector e ela que é um dos grandes nomes da literatura brasileira, apesar de nascida na Ucrânia, fala sobre si com tanto pesar, que soa como um tipo de humildade, mas no olhar carrega tristeza e uma intensidade que quase se confunde com apatia. Ela diz "hoje estou triste porque estou cansada, mas no geral sou alegre". Cansada de quê? "De mim", ela responde.  Cansada de mim.  Engraçado isso. Imagino que realmente seja cansativo até para os mais otimistas. Ser você, mesmo sem saber direito o que se é, sem poder fugir daquela condição, é até meio desesperador. Por isso eu durmo. Durmo e sonho. Sonho muito e durmo mais ainda. Perco o dia mas o que há para perder quando você não tem interesse em encontrar nada? Eu queria ser dessas pessoas que já nasceram com um cérebro cheio de alegria. Parece até um insulto ser alegre neste mundo. Eu sei, estou tomada

A mãe mulher

Simone de Bevouir dizia: "Não se nasce mulher, torna-se mulher".  E o que é a mulher?  Eu acredito que não exista uma resposta certa nem uma resposta fixa, mas, em qualquer tempo, em todas as culturas, o que todas as mulheres têm em comum é a força criadora, geradora e cuidadora. Claro que biologicamente falando, mulheres (cis) têm úteros, e estão propensas a gerar filhos, mas a nossa força criadora não se resume à esta bela missão: nossa energia criativa é capaz de criar e regenerar o mundo todo, nos planos materiais e espirituais. Diz aí, olha quanto exemplo incrível de mulheres nós temos! Recentemente, recebemos uma lista de chefes de Estado mulheres que conseguiram rapidamente conter a pandemia do novo coronavirus em seus países. Que coisa linda! Coração, e cérebro. Razão e sensibilidade. Força e coragem. Assim somos nós.  Na minha experiência pessoal, o que significa "tornar-se mulher"?  Vamos ao jogo de luz e sombras.  Eu, quando menina, obviamente ouvi as fra

Criança interior

Rio de Janeiro, 28 de maio de 2020. Já faz dois dias que eu acordo de madrugada e me levanto mais ou menos às 5h da manhã. Tenho gostado desse esquema, porque agora, ao invés de ir dormir às 6h da manhã e acordar no fim da tarde (o que estava sendo recorrente na última semana), eu aproveito a manhã e durmo só do meio pro fim da tarde. Madruga acordadona... Corpo sem energia mas mente agitada. Que bela receita de merda (sim, fico puta!).  Voltei a ver uma série, agora vou acompanhar a segunda temporada. Se chama "She's Gotta Have It", remake de um filme do Spike Lee, dirigido agora pelo próprio Spike Lee. É uma obra prima. Conta as vivências de Nola Darling, uma jovem artista visual do Brooklyn. Ela é muito criativa e caótica, mas tem autoconfiança. Me lembra muito uma amiga, elas tem a mesma energia.  Essa série tem me inspirado nos últimos dois dias. Mesmo as mulheres mais fodas tem suas questões, inseguranças. Quem sou eu na fila do pão, né? Então acho que preciso me ac

Mapeando as catástrofes pessoais

Rio de Janeiro, 26 de maio de 2020. Cada dia que passa eu me deparo mais e mais com a descoberta da dualidade entre a dor e a delícia de ser e estar neste planeta, ele que é, ao mesmo tempo, bom e ruim, luz e trevas. Mas não por si só, na realidade quem transforma o mundo em paraíso ou inferno somos nós, seres humanos. São muitas as distrações. Eu sei que a experiência de muitas pessoas é marcada por tragédias pessoais e familiares, patologias mentais e físicas geneticamente herdadas, abusos, famílias desfuncionais, violências e outras casualidades. Quando penso na minha própria história, não sei se a vejo com o filtro da vitimização, mas há mais ou menos dois ou três anos eu tenho mapeado incessantemente, principalmente nas madrugas intranquilas, quais foram os pontos cruciais que me fizeram ser a pessoa que eu sou, principalmente no mal sentido.  Como eu sou? Insegura, melindrosa, invejosa, vitimista, pessimista, sei lá mais o quê. Eu sinto inveja das pessoas que se olham no espelho

Todo dia é um surto: agora registrados nesse diário online

Rio de Janeiro, 22 de maio de 2020. Dá nem pra acreditar que quase chegamos ao meio do ano. "Então é fim de maio... E o que você fez?" Minha cabeça tá doida mas o mundo tá muito mais.  Na virada do ano eu tava em casa, passei sozinha, meia noite tomando um banho gelado e estava estranhamente feliz. Fui até a janela de toalha e pude ver um restinho da queima de fogos pelo céu da zona oeste. Não foi nada animador esse ano novo, foi tipo um dia normal. Botei uma brusinha bacana e tirei selfie. Troquei mensagem com alguns parentes e poucos amigos. Só os mais próximos em ambos os casos.  O curioso é que eu tinha acabado de virar um ciclo, tava prestes a ficar 1 ano mais velha e também tinha acabo de ficar desempregada novamente. Muitas novidades. Voltar a conviver com a minha mãe, cuidar da minha saúde mental que estava gritando por socorro, ficar sem grana e deixar pra trás todo um passado de lutas e glórias. A sensação que eu tinha era de uma espécie de apocalipse. Eu sentia den