Faz um tempo que eu não posto nada. Geralmente meus posts aqui são confusos e viscerais. Eu só tenho vontade de escrever quando tô caótica.
O mês de agosto voou, e eu não consigo me lembrar o que aconteceu exatamente.
Sinto que regredi.
Havia deixado de encarar minha própria solidão com pesar e passei a vê-la de forma paciente e construtiva, mas agora voltei a me sentir ansiosa e amedrontada. Do que tem medo a juventude de hoje? Do passado? Do futuro? Ou de si mesma?
Desde muito nova, eu sinto que as coisas me pegam com muita facilidade. Eu me impressiono fácil, embora faça cara de paisagem. Uma conversa, um acontecimento, uma sugestão... tudo me atravessa - e nem sempre de maneira positiva.
Há essa altura já entendi que eu não sou a minha mente, e que não posso ser controlada por ela. E que também, talvez seja muito transformador abandonar velhos hábitos "escapistas" e adquirir hábitos "caretas", tranquilos e saudáveis. A mente agradece. Porque Michel Foucault fala do "cuidado de si" como uma questão ética? Estive pensando que muito provavelmente seja ético de nossa parte cuidar do corpo, da mente... Não podemos controlar tudo, no sentido de remediar as coisas, mas podemos prevenir e eu acho que isso é um jeito interessante e produtivo de usar nossa inteligência humana. Por exemplo: estrategicamente, investir em exercício e alimentação pode te salvar de ter doenças crônicas um dia; cuidar da mente, curar as emoções e domar os sentimentos, muito provavelmente te trará mais paz de espírito.
O mundo é doido. Enorme. Misterioso. Nossa mente, apesar de o cérebro ser pequeno em relação ao mundo, é também grandiosa, puro mistério. E ela é una, com o todo. Não existe mente, pensamentos, sentimentos, isolados completamente de contextos e ambientes, históricos, memórias. Somos feitos de tempo.
Aí eu me olho, e me vejo como um pontinho preto bem distante na face da terra. Qual a nossa missão? Não pedimos pra nascer, mas e a aí? Meio niilista da minha parte, isso de questionar o porque de estarmos aqui e inclinadamente se (in)satisfazer com o puro nada? Cadê as respostas? O que vale é a jornada ou o destino? Melhor saber perguntar do que responder?
Bem, vamos para as coisas práticas da vida.
Eu ouvi há pouco tempo que "primeiro se faz a cama, depois se pensa na complexidade da vida". Achei justo.
Minha cama tá bagunçada. Meu quarto também. E a mente. A casa, suja. Minha mãe já não tem mais tanta saúde, mas tem os macetes (isso tem!) - sabedoria o nome. Nessa hora eu me lembo de minha avó que sempre diz "ô, vai lá pra mim, minha filha, que suas pernas tão boas". Seria uma maneira de ser útil e de praticar o autocuidado? Acho que sim.
Algumas coisas me perturbam.
Conheci um velho, aposentado do exército, ex-radialista, ex-presidente de escola de samba. 83 anos, e relativamente lúcido na sua cadeira de rodas. Está só. A cuidadora dele é uma jovem de trinta e poucos anos que veio do Rio Grande do Norte para procurar emprego na área da enfermagem. Foi aí que se encontraram. Parece bonito, mas, porque uma jovem deixaria seus filhos há milhares de km de distância, pra cuidar de um velho preconceituoso e ranzinza? (Ps. ele mesmo se vangloria dos feitos maléficos que praticou durante a vida). Ah, sim, as estruturas sociais são complicadas há muito tempo. Todos buscam seu lugar ao sol, mas antes tem q penar faça chuva ou esturrique 40 graus na moleira. "Manda quem pode, obedece quem tem juízo". "O mundo é dos espertos"... frases aparentemente simples que expõem uma espécie de darwinismo social que - infelizmente - é mais do que real. Nem quem já bateu muita cabeça pra tentar entender, classificar, e pretensiosamente resolver isso, não conseguiu. Quem sou eu para perder noites de sono com esse assunto?
Mas enfim, voltando aos meus devaneios sobre mim:
Segunda-feira de ressaca moral.
Ontem fui dormir jurando que nunca mais comeria carne (já que esses últimos dias foram regados à frango, carne moída e linguiça... de aparência e procedências duvidosas até). Cigarro, cruz credo! Fumei um maço inteiro numa noite. A maconha, que até então acreditei que me ajudava, na verdade tá me fazendo sua escrava. E aí vão ficando pra trás os planos, as meditações, a organização das roupas, as leituras, o bom humor, a dança no meio da sala. Só vício e obsessão. Toda hora tem que ter alguma coisa na boca, se não não acalma. Come muito, come mal, fuma muito, bebe que nem vê. Noite passada tive paralisia do sono, e sei que só tenho essas paradas quando não estou muito bem. Sinceramente, preciso ter mais atenção comigo e levar a sério meu autocuidado. Estabelecer prioridades, ouvir os meus limites. Meu mundo agradece.
Mas será que a própria consciência absolve o condenado? O fato de eu saber que preciso me cuidar necessariamente me exime da responsabilidade de me colocar no buraco sempre que posso? Acho que nem importa.
Vamos começar do simples: arrumar a cama e tomar um banho.
Dá trabalho cuidar. Mas pode ser prazeroso. As vezes você tem que fazer o que tem que fazer, né?
Ps. Estou tomando paroxetina há mais ou menos 2 meses, em fase de adaptação. Nas duas últimas semanas devo ter esquecido umas 4x e fumado bastante. Me exercitado pouco e comido muito mal (em relação ao ideal). Sono? Nem se fala. Durmo mal desde sempre e isso é uma constante guerra. Bora lutar, bora vencer.
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