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Mapeando as catástrofes pessoais

Rio de Janeiro, 26 de maio de 2020.

Cada dia que passa eu me deparo mais e mais com a descoberta da dualidade entre a dor e a delícia de ser e estar neste planeta, ele que é, ao mesmo tempo, bom e ruim, luz e trevas. Mas não por si só, na realidade quem transforma o mundo em paraíso ou inferno somos nós, seres humanos. São muitas as distrações.

Eu sei que a experiência de muitas pessoas é marcada por tragédias pessoais e familiares, patologias mentais e físicas geneticamente herdadas, abusos, famílias desfuncionais, violências e outras casualidades. Quando penso na minha própria história, não sei se a vejo com o filtro da vitimização, mas há mais ou menos dois ou três anos eu tenho mapeado incessantemente, principalmente nas madrugas intranquilas, quais foram os pontos cruciais que me fizeram ser a pessoa que eu sou, principalmente no mal sentido. 

Como eu sou? Insegura, melindrosa, invejosa, vitimista, pessimista, sei lá mais o quê. Eu sinto inveja das pessoas que se olham no espelho e sorriem para si. Mas isso está dando lugar à inspiração. Ao invés de ressentimento, quero me inspirar através desse jeito de se olhar, se aceitar e se amar. Mas quero focar nos problemas, pois as minhas forças não me interessam agora. Em primeiro lugar, porque ainda fico confusa ao identificá-las, e depois, porque acredito que antes preciso me reconhecer nas minhas fraquezas, trabalhá-las, aceitá-las, se preciso. 

Essa madrugada, mai      ;çs uma em claro, depois de maratonar séries para distrair, fiz um apanhado geral (de praxe) dos meus traumas e inseguranças, e vi que cem por cento deles envolve minha família. Não é uma baita descoberta? E olha, eu acho minha família até legal, bacana, mas como a gente pôde negligenciar tanto assim as relações? 

Bom, em resumo. 
Eu acho que já tenho todas as peças das matrizes. Agora, o que fazer com essa merda? Quero me curar de mim. Essa inércia só vai embora se eu me curar de mim, sinto isso. Preciso descobrir quais passos preciso dar nessa direção. 


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